Edital de seleção Projeto [EIDHR/2020/167626-1/6] “Re-existência: Consolidando a autonomia político-organizativa dos Povos Indígenas do Ceará”

A Associação para Desenvolvimento Local Co-produzido (Adelco),  torna público, para o conhecimento dos interessados e interessadas, que receberá pelo e-mail adelco@adelco.org.br, durante o período 11 a 15 de janeiro de 2021, propostas de pessoas jurídica interessadas na prestação de serviços técnicos profissionais para o Estabelecimento de um sistema permanente de Monitoramento e Avaliação interno do Projeto [EIDHR/2020/167626-1/6] “Re-existência: Consolidando a autonomia político-organizativa dos Povos Indígenas do Ceará”.

 

O edital completo está disponível no seguinte link: http://adelco.org.br/wp-content/uploads/2021/01/Edital-nº-01-Consultor-para-Estabelecimento-do-Sistema-de-Monitoramento-e-Avaliação-do-projeto.pdf

Movimento indígena do Ceará reafirma escolha de caciques Pitaguary e convoca união dos povos

Ao redor de uma grande mangueira, os/as caciques, pajés e lideranças indígenas das tribos cearenses invocavam a benção dos encantados, cantando e dançando o toré, a dança guerreira. Com chocalhos e tambores, reverenciavam Pai Tupã, Mãe Tamaí e entoavam canções de lamento pelos povos indígenas expulsos de suas terras e que agora lutam para ter de volta o chão para morar e trabalhar.

Na Aldeia Santo Antônio Pitaguary, localizada município de Maracanaú, representantes das 14 etnias do Ceará foram convocados/as no dia 14 de setembro para II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará, no qual vivenciaram momentos de espiritualidade e de decisão sobre o futuro da etnia Pitaguary.

De pé, sobre as raízes da árvore, a Cacique Pequena da tribo Jenipapo-Kanindé falou aos/às líderes e exortou a união dos povos indígenas pela demarcação de terras. Pequena desejou paz na aldeia Pitaguary e lembrou do mau presságio que teve anos atrás ao visitar o lugar. “Eu vim aqui e vi esta mangueira derramando lágrimas”. Para a anciã, este foi o sinal do conflito que aconteceu após a morte do líder local, no ano passado.

Assista ao ritual de toré dos povos indígenas do Ceará

Cacique Daniel era admirado dentro de sua comunidade e conduzia as 250 famílias do povo Pitaguary há 29 anos. Depois de sua morte, um grupo passou a reivindicar a liderança para seu enteado, o que não foi aceito pela maioria dos/as habitantes da aldeia. “Iniciou-se um conflito interno que gerou uma onda de violência pelo grupo que quer o cacicado, está difícil viver na aldeia”, denuncia João Paulo da Silva Lima, um dos quatro novos caciques escolhidos/as pelo pajé dos Pitaguary e reconhecidos/as pelo movimento indígena do Ceará.

O/a cacique é o/a líder político da tribo, representa a aldeia em processos jurídicos e une o povo para reivindicar os direitos originários sobre as terra. João Paulo argumenta que, para a escolha, são observados critérios como integridade, boa conduta e conhecimento das tradições. “Nos Pitaguary, é observado a caminhada da liderança”, diz ele.

Os crimes de cárcere privado, tentativa de homicídio e ameaça, ocorridos nas aldeias de Maracanaú, foram denunciados ao Ministério Público Federal, mas os processos estão parados. A indefinição sobre os/as atuais representantes da etnia Pitaguary também tem atrasado o repasse de indenizações a que a aldeia tem direito. “Tenho que receber todo mundo e tentar apaziguar. Pelo que senti, muitos processos e inquéritos estão engavetados”, afirmou Luiz Maia, coordenador regional da FUNAI empossado em setembro. Ele prometeu acompanhar o andamento destas questões e também afirmou que visitaria cada aldeia do Ceará para assessorar os povos tradicionais.

Cacicado reconhecido

Em cerimônia realizada na escola indígena da aldeia, foi lido o documento que reconhece Maria Madalena Braga da Silva, Ana Cláudia Araújo Lima, José Maurício de Lima, e João Paulo da Silva Lima como caciques Pitaguary. Os/as quatro tiveram apoio da maioria dos homens e mulheres indígenas presentes. A nota foi elaborado por lideranças das 14 etnias do Ceará, na ocasião da Assembleia Geral dos Povos Indígenas do Ceará (em Novo Oriente)

Ouvir o povo, ter sabedoria para lidar com os problemas, humildade para aceitar as ideias de todos/as são características exigidas das lideranças indígenas. Desta forma, tiveram vitórias como a concessão de posse da terra aos Tapeba de Caucaia e a demarcação do espaço dos Tremembé da Barra do Mundaú , que confrontavam empresas interessadas em construir um hotel dentro de seu território. “Todos nós somos povos indígenas e estamos lutando pelo mesmo motivo: a terra demarcada, temos que nos unir”, declarou a líder Evanilde Tapeba.

Saiba mais sobre o II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará

Nova entidade representativa do Movimento Indígena Cearense é criada durante o II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará

 

Fonte: Comunicação Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria

Adelco discute violação de direitos no Herança Nativa 2017

Junto com lideranças indígenas e a entidade parceira, Esplar, a Adelco compôs mesa no III Encontro Sesc Herança Nativa, realizado nos dias 24 a 26/8, na Colônia Ecológica Sesc Iparana.

O evento, promovido pelo Serviço Social do Comércio, reuniu os 14 povos indígenas, dos 19 municípios do Ceará.

Ronaldo Queiroz, técnico da Adelco, e Cíntia Moreira, técnica do Esplar, estiveram juntos divulgando alguns resultados do Diagnóstico e estudo de linha de base: projeto fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas. O documento, financiado pela União Europeia, foi construído em parceria pelas duas instituições e com o apoio das organizações indígenas. Veja o diagnóstico, na íntegra, aqui.

Na mesa, apresentamos os recortes de dados sobre as Demarcações das Terras, Educação e Saúde indígenas. Também estavam presentes no debate: Antônia Kanindé, do Povo Kanindé de Aratuba; Andrea Rufino, do Povo Tapuya kariri, São Benedito; Francisco Ferreira de Moraes Junior, do Povo Anacé; Margarida Tapeba, do Povo Tapeba; Roberto Ytaysaba, do Povo Anacé; Cacique Renato Gomes, do Povo Potyguara; Juliana Alves, do Povo Jenipapo Kanindé e Rosa da Silva, do Povo Pitaguary.

Fonte: Comunicação Adelco