Criada em 2001, a Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido (Adelco) acumula mais de 20 anos de trabalho voltado à melhoria da qualidade de vida de populações em situação de vulnerabilidade. Com sede no Ceará, a organização nasceu com o objetivo de promover melhores condições de habitabilidade e geração de renda em territórios locais.

Nos primeiros anos de atuação, a entidade desenvolveu ações em duas comunidades da Região Metropolitana de Fortaleza: Alto Alegre, em Maracanaú, e Tapeba, em Caucaia. Em parceria com a Fundação Abbé Pierre (FAP), a Adelco implantou entre 2001 e 2010 seu Programa de Desenvolvimento Local, oferecendo microcrédito habitacional a 827 famílias e microcrédito produtivo a outras 236. Também foram atendidas 30 famílias indígenas com recursos emergenciais para construção de moradias.

Com apoio da FAP, a associação também executou projetos como a construção do Centro de Estocagem Nova Vida, instalação de viveiros para piscicultura, o Projeto Peixes Defumados na comunidade de Alto Alegre, e a criação do Centro de Produção Cultural Tapeba. Outras iniciativas incluíram a construção do Memorial Tapeba Cacique Perna de Pau, melhorias em equipamentos coletivos, implementação da Farmácia Viva e construção de Casas-Modelo com o povo Tapeba.

A partir de 2006, a Adelco passou a atuar em novas frentes, firmando parcerias com ministérios como o do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e Emprego, do Turismo, e com a Petrobras. Os projetos abordaram desde assistência técnica e extensão rural até turismo de base comunitária e qualidade ambiental nos territórios indígenas.

Uma mudança significativa ocorreu em 2010, quando a instituição reformulou sua missão e visão, voltando-se exclusivamente para os povos originários e comunidades tradicionais. A partir daí, fortaleceu temas como tecnologias sociais, saneamento ambiental, agroecologia, turismo e sistemas agroflorestais em territórios indígenas. A atuação também se estendeu aos povos Jenipapo-Kanindé, Kanindé, Pitaguary e Tremembé de Almofala.

Projetos como o Maracas ampliaram o escopo para áreas como museologia indígena, turismo comunitário e políticas de saneamento. Em 2016, a Adelco ingressou no campo dos direitos humanos e indígenas, oferecendo assessoria técnica às organizações indígenas do Ceará. Naquele mesmo ano, iniciou uma parceria com o Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, o que resultou no lançamento do Projeto Urucum, financiado pela União Europeia. A iniciativa visou fortalecer a autonomia política dos povos indígenas do estado.

O êxito do Urucum levou à continuidade da parceria com o Projeto Tucum – A força da resistência indígena, também financiado pela União Europeia. Entre os destaques estão o Escritório de Advocacia Popular Indígena Ybi, a Semana Diana Pitaguary nas Escolas, o aplicativo InfoMaraca, além de formações sobre gênero, gestão e elaboração de projetos. A iniciativa também produziu materiais de comunicação voltados à valorização cultural dos povos indígenas.

A parceria com o Esplar contribuiu para o fortalecimento do debate de gênero entre mulheres indígenas, especialmente no enfrentamento à violência. Essa atuação impulsionou a expansão da Adelco para outros estados do Nordeste, como Bahia, Pernambuco e Alagoas.

Em 2023, a Adelco iniciou novas parcerias institucionais: com o Ministério do Meio Ambiente, para atuação junto ao povo Tremembé de Acaraú e Itarema; e com o Ministério das Mulheres, para projetos com os povos Tapeba e Anacé, além dos territórios Quilombola da Base em Pacajus e Tremembé de Itarema.

Ao longo de sua trajetória, a Adelco tem semeado iniciativas que germinam, crescem e florescem em territórios indígenas e tradicionais. Foram mais de duas décadas de compromisso contínuo, enfrentando desafios e promovendo processos de intercâmbio, formação e transformação social. A organização segue firme em sua missão, apoiando a luta dos povos originários pela demarcação de seus territórios e pela consolidação de políticas públicas específicas.

Acreditamos profundamente que a garantia territorial é essencial para a preservação da cultura, da memória e da ancestralidade dos povos indígenas.