Líder maior dos Índios Tabajaras de Monsenhor Tabosa morre aos 93 anos
A Adelco se solidariza com a família de José Canuto e sente a perda de uma liderança tão importante para o Ceará. Faleceu na manhã desta quarta-feira (18), aos 93 anos de idade, José Vieira do Nascimento (José Canuto), líder maior da Aldeia Olho D’água dos Canutos, da etnia Tabajara, no município de Monsenhor Tabosa (CE). Ele era pai da liderança indígena Luisa Nascimento de Melo, popularmente conhecida em todo o Ceará, como Luisa Canuto. José Canuto faleceu em sua residência, na Aldeia Olho D’água dos Canutos, vítima de parada cardiorrespiratória. O mesmo vinha fazendo acompanhamento médico regularmente para tratar problemas na próstata. Pai de 9 filhos, 27 netos e 30 bisnetos, tinha o respeito de toda a comunidade e era admirado por ter a história de um vencedor e ser um grande exemplo de vida. O corpo do patriarca será velado na Aldeia Olho D’água, já o sepultamento está marcado para a manhã de quinta-feira (19), no cemitério de Monsenhor Tabosa. Aldeia A comunidade indígena (Aldeia Canuto) fica a seis quilometro da sede do município e é composta por cerca de 25 famílias. A comunidade conta com uma Escola Indígena Tabajara de Ensino Fundamental e Médio. Na aldeia o conceito de alimentação saudável e a preservação do meio ambiente são levados a sério, as matas são preservadas e o lixo tem destino correto. A Aldeia Canuto é considerada a Aldeia Mãe, entretanto, existe outras 12 Aldeias Tabajara, espelhadas pelo município. Fonte: Página Aberta e Comunicação Adelco
Adelco participa de etapa regional da Conferência Regional Potyrõ
Fortaleza sediou, entre os dias 09 e 11 de outubro, a Conferência Regional Potyrõ – Ceará, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte. O evento é a sétima etapa regional da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena (2ª Coneei), prevista para ser realizada em Brasília, em dezembro. Participam representantes de povos indígenas, organizações e instituições que atuam com a educação escolar indígena. Patrick Oliveira, coordenador geral da Adelco, afirma a importância do evento para os indígenas do estado. “Pensar a educação indígena é parte fundamental do processo de descolonização desses povos e, principalmente, é fundamental para o fortalecimento da sua cultura. Cultura esta que vem sendo dezimada por tantos anos, mas que resiste. Para nós da Adelco, momentos como este reforçam o movimento e demarcam o que os indígenas do Ceará querem para seus processos educativos.” Durante o encontro, foram elaboradas propostas que vão ser enviadas à 2ª Coneei e eleitos os 52 delegados representantes das comunidades no encontro nacional. O evento terá palestras, debates e mesas que tratam dos eixos temáticos da conferência nacional: organização e gestão da educação escolar indígena, práticas pedagógicas diferenciadas, formação e valorização dos professores, políticas de atendimento e educação superior. A diretora de Políticas de Educação do Campo, Indígena e para as Relações Étnico-Raciais do MEC, Rita Potyguara, destaca que a realização da etapa regional em Fortaleza é importante por permitir a reunião dos povos que habitam a região, a fim de construírem coletivamente as propostas a partir de suas próprias experiências. “O encontro se constitui em um espaço de debates de grande importância para a troca de experiências e para a articulação entre esses povos, destacando-se, assim, o compartilhamento dos processos históricos de reconhecimento cultural e dos seus modos próprios de ensino e aprendizagem”, enfatiza. As etapas regionais anteriores foram as de Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (AM); Minas Gerais e Espírito Santo, em Belo Horizonte; Timbira, Vale do Araguaia, Guajajara e Xerente, em Pirenópolis (GO); Alagoas e Sergipe, em Maceió; Yanomami e Ye’Kuana, Povos do Lavrado, em Boa Vista; e Povos do Sul e Litoral Sul, em Florianópolis. Conferência – Prevista para ocorrer em Brasília nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, a 2ª Coneei tem como objetivo avaliar os avanços, impasses e desafios da educação escolar indígena. A intenção é construir propostas para a consolidação de uma política nacional de educação escolar indígena e reafirmar o direito a uma educação específica, diferenciada e multilíngue. O tema da conferência é O Sistema Nacional de Educação e a educação escolar indígena: regime de colaboração, participação e autonomia dos povos indígenas. O evento visa ampliar o diálogo entre os entes federados para a efetivação de um regime de colaboração que fortaleça o protagonismo indígena na área da educação. A etapa nacional ocorrerá depois de amplo processo de participação indígena nas discussões. Fonte: Comunicação Mec e Comunicação Adelco
Jovens Tremembés de Almofala conversam sobre direitos, política pública e controle social
Doze jovens de Itarema, Aldeamento Tremembé de Almofala e Adeia da Praia participaram da formação que ocorreu nos dias 29 e 30 de setembro, na Escola Indígena Maria Venância. As formações fazem parte do projeto Urucum – Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas, realizado pela Adelco – Associação para Desenvolvimento Local Co-produzido e Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, em parceria com instituições do movimento indígena e o financiamento da União Europeia. A oficina teve como objetivo levar discussões sobre os direitos indígenas previstos na Constituição Federal e na Carta das Nações Unidas, sobre os Direitos dos Povos indígenas, bem como estimular a discussão sobre direitos humanos e sobre o direito à cultura. A meta da atividade foi apresentar os documentos citados, ler alguns artigos, discutir a noção de direitos humanos e de direito originário, como também o de iniciar um processo de qualificação de lideranças indígenas jovens, de ambos os sexos. As formações continuarão a ser dadas pelo próprio povo Tremembé de Almofala em parcerias futuras. Fonte: Comunicação Adelco
Juventude Indígena no Ceará se encontra em Poranga
Durante os dias 29, 30/09 e 01/10, jovens de todas as regiões do estado encontraram-se em Poranga-Ce. O Povo Tabajara, da Aldeia Cajueiro, recepcionou os quase 70 jovens com um bonito toré, cantos, muitos sorrisos e um coração enorme. O Encontro foi organizado por uma comissão da Juventude Indígena, pela Adelco, via projeto Urucum; pelo Esplar e União Europeia, com o apoio do Governo do Estado do Ceará. As atividades aconteceram na escola indígena da comunidade e estiveram organizadas em rodas de conversa e oficinas. Entre os temas estavam: o que é ser jovem indígena, espiritualidade, gestão de projetos, comunicação, gênero e sexualidade, marco temporal e território. Em todas as atividades, jovens de diversas aldeias estiveram coordenando e mediando as discussões. Antonia Kanindé participou da roda de conversa sobre o que é ser jovem indígena. Para ela é preciso pensar qual a atuação da juventude indígena e indaga: “O que os governos estão fazendo pela juventude? A gente já não tem direitos conquistados e ainda querem nos tirar o que a gente já tem”. Josiane Tapeba completa: “A gente tem que se unir pra se fortalecer. Nossa luta é para manter nossos direitos”. Veja as fotos da atividade aqui. II Encontro Estadual das Juventudes Indígenas Data: 03,04 e 05 de novembro Local: Aldeia Lagoa dos Tapebas – Caucaia-Ce Acompanhe as novas informações no site. Fonte: Comunicação Adelco
Movimento indígena do Ceará reafirma escolha de caciques Pitaguary e convoca união dos povos
Ao redor de uma grande mangueira, os/as caciques, pajés e lideranças indígenas das tribos cearenses invocavam a benção dos encantados, cantando e dançando o toré, a dança guerreira. Com chocalhos e tambores, reverenciavam Pai Tupã, Mãe Tamaí e entoavam canções de lamento pelos povos indígenas expulsos de suas terras e que agora lutam para ter de volta o chão para morar e trabalhar. Na Aldeia Santo Antônio Pitaguary, localizada município de Maracanaú, representantes das 14 etnias do Ceará foram convocados/as no dia 14 de setembro para II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará, no qual vivenciaram momentos de espiritualidade e de decisão sobre o futuro da etnia Pitaguary. De pé, sobre as raízes da árvore, a Cacique Pequena da tribo Jenipapo-Kanindé falou aos/às líderes e exortou a união dos povos indígenas pela demarcação de terras. Pequena desejou paz na aldeia Pitaguary e lembrou do mau presságio que teve anos atrás ao visitar o lugar. “Eu vim aqui e vi esta mangueira derramando lágrimas”. Para a anciã, este foi o sinal do conflito que aconteceu após a morte do líder local, no ano passado. Assista ao ritual de toré dos povos indígenas do Ceará Cacique Daniel era admirado dentro de sua comunidade e conduzia as 250 famílias do povo Pitaguary há 29 anos. Depois de sua morte, um grupo passou a reivindicar a liderança para seu enteado, o que não foi aceito pela maioria dos/as habitantes da aldeia. “Iniciou-se um conflito interno que gerou uma onda de violência pelo grupo que quer o cacicado, está difícil viver na aldeia”, denuncia João Paulo da Silva Lima, um dos quatro novos caciques escolhidos/as pelo pajé dos Pitaguary e reconhecidos/as pelo movimento indígena do Ceará. O/a cacique é o/a líder político da tribo, representa a aldeia em processos jurídicos e une o povo para reivindicar os direitos originários sobre as terra. João Paulo argumenta que, para a escolha, são observados critérios como integridade, boa conduta e conhecimento das tradições. “Nos Pitaguary, é observado a caminhada da liderança”, diz ele. Os crimes de cárcere privado, tentativa de homicídio e ameaça, ocorridos nas aldeias de Maracanaú, foram denunciados ao Ministério Público Federal, mas os processos estão parados. A indefinição sobre os/as atuais representantes da etnia Pitaguary também tem atrasado o repasse de indenizações a que a aldeia tem direito. “Tenho que receber todo mundo e tentar apaziguar. Pelo que senti, muitos processos e inquéritos estão engavetados”, afirmou Luiz Maia, coordenador regional da FUNAI empossado em setembro. Ele prometeu acompanhar o andamento destas questões e também afirmou que visitaria cada aldeia do Ceará para assessorar os povos tradicionais. Cacicado reconhecido Em cerimônia realizada na escola indígena da aldeia, foi lido o documento que reconhece Maria Madalena Braga da Silva, Ana Cláudia Araújo Lima, José Maurício de Lima, e João Paulo da Silva Lima como caciques Pitaguary. Os/as quatro tiveram apoio da maioria dos homens e mulheres indígenas presentes. A nota foi elaborado por lideranças das 14 etnias do Ceará, na ocasião da Assembleia Geral dos Povos Indígenas do Ceará (em Novo Oriente) Ouvir o povo, ter sabedoria para lidar com os problemas, humildade para aceitar as ideias de todos/as são características exigidas das lideranças indígenas. Desta forma, tiveram vitórias como a concessão de posse da terra aos Tapeba de Caucaia e a demarcação do espaço dos Tremembé da Barra do Mundaú , que confrontavam empresas interessadas em construir um hotel dentro de seu território. “Todos nós somos povos indígenas e estamos lutando pelo mesmo motivo: a terra demarcada, temos que nos unir”, declarou a líder Evanilde Tapeba. Saiba mais sobre o II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará Nova entidade representativa do Movimento Indígena Cearense é criada durante o II Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará Fonte: Comunicação Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria
Jovens indígenas no Ceará realizam encontros em Poranga e Caucaia
O evento tem a organização da Adelco, via projeto Urucum, da Juventude Indígena do Ceará, do Esplar e União Europeia, com o apoio do Governo do Estado do Ceará. Participarão jovens indígenas de todas as aldeias do estado que têm entre 15 e 29 anos. Acompanhe a programação e participe! Seminário de Formação da Juventude Indígena no Ceará – Poranga -Ce Sexta, 29.09: Noite: Acolhida, boas vindas das lideranças, acordo de convivência e apresentações. Sábado, 30.09: Manhã – Rodas de conversa: Roda de abertura: O que é ser jovem indígena? Tarde de oficinas Oficina 01 – Gestão de projetos Oficina 02 – Comunicação Oficina 03 – Espiritualidade Oficina 04 – Gênero e Sexualidade Noite: Festa da colheita. Domingo, 01.10: Manhã – Roda de conversa: Marco Temporal Tarde: Roda de Conversa: Juventude e Território Noite: Apresentação artística das produções das oficinas do sábado II Encontro Estadual das Juventudes Indígenas Data: 03,05 e 05 de novembro Local: Aldeia Lagoa dos Tapebas – Caucaia-Ce Acompanhe as novas informações no site. Fonte: Comunicação Adelco
Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais do Ceará realizam encontro em Maracanaú
Indígenas de todo o estado promovem evento que discutirá a espiritualidade como fortalecimento da luta; processo de organização nas comunidades; leitura do estatuto para criação de uma nova entidade estadual indígena; encontro para os representantes do Condisi – Conselho Distrital de Saúde Indígena, dentre outras pautas. O evento pretende reunir as 14 aldeias do Ceará e acontece nos dias 13 a 15 de setembro, na escola indígena da Aldeia Santo Antônio Pitaguary, no município de Maracanaú. Veja fotos do evento aqui, na nossa página do Facebook (@adelco.ong). O 2° Encontro de Caciques, Pajés e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Ceará – A força encantada à frente da luta tem o forte apoio da Adelco, via projeto Urucum; da Amice – Associação das Mulheres Indígenas do Ceará; da Apoinme – Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do NE, MG e ES; do CDPDH – Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos; da Juventude Indígena do Ceará; da Copice – Coordenação dos Povos indígenas do Ceará; da Oprince – Organização dos Professores Indígenas do Ceará; do Cras – Centro de Referência de Assistência Social de Pacatuba; da Funai – Fundação Nacional do Índio; do Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria; IAF – Fundação InterAmericana; da Prefeitura de Maracanaú; do Sesc – Serviço Social do Comércio; Misereor; do Observatório Socioambiental; da Saúde Indígena e da União Europeia. Fonte: Comunicação Adelco
Povo Tapeba reune-se para festejar portaria com a declaração dos limites de suas terras
Os povo Tapeba, parentes de outros povos e apoiadores indigenistas reuniram-se dia 09.09, na Escola Indígena Índios Tapeba para comemorar uma grande vitória: o reconhecimento das terras pelo Ministério da Justiça. Weber Tapeba, advogado e vereador indígena, afirma que a luta segue firme: “A luta não termina aqui. A portaria não pode servir como pretexto para que nosso povo cale. Nosso povo tem que continuar resistindo”, destacou. Eliane Tabajara, liderança Tabajara, felicitou os parentes Tapebas: “É por isso que estamos na luta, para ter momentos como esse”, afirmou. A juventude Tapeba também deixou claro sua felicidade: “A vitória não é só do povo Tapeba. É de todos os povos do Ceará”, apontou João Kennedy. A festa aconteceu na Aldeia Lagoa dos Tapeba, em Capuan – Caucaia (CE). A Adelco esteve presente e realizou a entrega da publicação Plano de Gestão territorial e Ambiental Indígena Tapeba, construído em parceria com a aldeia. Veja carta de celebração que a Adelco escreveu sobre esta vitória: https://goo.gl/7qJxPi Veja fotos na nossa página do Facebook: @adelco.ong Fonte: Comunicação Adelco
Adelco e Povo Tapeba: quando as histórias se misturam
A vitória do Povo Tapeba é a felicidade da Adelco – Associação para Desenvolvimento Local Co-produzido. Quando começamos nossa caminhada, em 2001, os Tapebas foram os primeiros indígenas a formarem uma parceria forte conosco e a confiarem que suas lutas também eram nossas. 16 anos depois, a parceria continua cada vez mais firme. Por isso, brindamos a vitória destas guerreiras e destes guerreiros que resistem em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza-Ce. Depois de mais de 30 anos de espera, muitas lutas, idas e vindas, guerreiros e guerreiras que tombaram, o dia 04 de setembro amanheceu iluminado pelo encantado. Recebemos a notícia que o Ministério da Justiça oficializou as terras tradicionalmente ocupadas pela etnia Tapeba, local de uma grande especulação imobiliária e olhares de posseiros. Se estamos sempre juntos na luta, agora, estamos juntos em festa. Nos enchemos de esperança! Amizade de longa data Recordamos algumas das parcerias que traçamos com as guerreiras e os guerreiros Tapebas desde a fundação da Adelco, em 2001: 2002-2012 – O Programa de Microcrédito Produtivo e Habitacional esteve centrado na melhoria habitacional e na geração de renda do povo Tapeba, através da viabilização de recursos para reforma de moradias para a população de baixa renda, do fortalecimento das associações comunitárias, da melhoria das condições de saúde e higiene, além de ter estimulado a prática da poupança. 2006 – Lançamos o projeto Capacitação da comunidade indígena Tapeba para sua inserção no e-commerce e no turismo cultural, buscando apoiar a comunidade indígena Tapeba na sua busca por sustentação econômica, através da geração de trabalho e renda, consolidando e divulgando sua identidade cultural e comercializando sua produção artesanal. 2008-2009 – Iniciamos o Projeto Inhuçu – Fortalecimento da capacidade de gestão de projetos econômicos e culturais e da identidade indígena para o etnodesenvolvimento Tapeba. O objetivo era a melhoria da qualidade do artesanato, fortalecimento da capacidade de gestão de projetos econômicos e culturais, auxiliando no desenvolvimento da consciência ambiental e competências básicas para plantio e manejo de espécies arbóreas nativas, realização de eventos de intercâmbio e fortalecimento cultural e desenvolvimento de práticas da culinária típica. 2008-2012 – Neste mesmo ano também trabalhamos com os Tapebas no projeto Ayty – Turismo de Base Comunitária do Povo Tapeba, que teve como foco o apoio à iniciativa de Turismo de Base Comunitária no município de Caucaia – CE. 2010-2013 – O Projeto Tribo das Águas – Cuidando da água e dos ambientes aquáticos Tapeba, promoveu a sensibilização ambiental para a conservação da água e dos ecossistemas aquáticos no Território Indígena Tapeba, com a perspectiva de proteger sua biodiversidade e garantir os serviços ambientais que estes ecossistemas proporcionam, constituindo medida de adaptação à mudança do clima. 2013-2016 – O projeto Etnodesenvolvimento – Ceará Indígena, trabalhou com várias etnias, incluindo também a presença dos Tapebas. Seu foco esteve na melhoria da qualidade de vida de comunidades indígenas do Ceará, dinamizando a economia solidária local, fortalecendo o turismo comunitário e favorecendo melhores condições de segurança alimentar, considerando sempre as diversas culturas e etnias. 2015-2016 – Mais recentemente foi a vez de construir o Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) da Terra Indígena Tapeba (Caucaia – Ceará), por meio de metodologias participativas que priorizem o protagonismo, o diálogo intercultural, a preservação dos valores culturais e os recursos ambientais das Terras Indígenas. 2015-2016 – Também foram anos do projeto São José III – Indígenas e Quilombolas, quando apoiamos as Entidades Representativas dos Beneficiários, de Comunidades Indígenas e Quilombolas, na elaboração de Planos de Negócio de Empreendimentos Coletivos de Agricultores Familiares. Os Tapebas também estavam presentes. 2016-2019 – Atualmente, seguimos com o Projeto URUCUM – Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas se desenvolve em parceria com o ESPLAR, junto às 14 etnias do Estado Ceará, presentes em 19 municípios. Este projeto contribui para o fortalecimento das capacidades de gestão e de intervenção social e política das associações indígenas e suas três principais representações no Ceará: a COPICE (Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará), a AMICE (Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará) e a COJICE (Comissão de Juventude Indígena do Ceará). Como iniciou a luta do povo Tapeba Em 20 maio de 1985, 70 índias e índios assinaram um abaixo assinado para plantar nas terras, ter um posto de saúde e uma escola indígena. Este foi o primeiro registro oficial que a Adelco e pesquisadores indigenistas têm notícia. Começava ali, oficialmente, a luta pela demarcação daquelas terras como território Tapeba. Como uma bonita coincidência, dois dias depois do reconhecimento do Ministério Público, a Adelco recebe da gráfica o Plano de Gestão Territorial e Ambiental Indígena Tapeba (PGTA), um planejamento que elabora estratégias para o uso sustentável da terra e dos recursos indígenas. O documento foi realizado em parceria entre a Adelco e Associação das Comunidades dos Índios Tapebas e alguns apoiadores. Trata-se do processo de demarcação da terra, a caracterização socioambiental da comunidade, os aspectos físicos do território, e um planejamento para o uso da terra e dos seus recursos. Conheça os Tapebas como a gente os conhece, acessando o PGTA online ou físico no site www.adelco.org.br. Veja também imagens aéreas das terras dos Tapebas: https://youtu.be/SDAsoiHc4Bk Salve, povo Tapeba! Salve, povos indígenas de todo o Ceará! Às 18 aldeias da zona urbana e periurbana de Caucaia-Ce, nosso salve e nosso compromisso de luta. Salve, Capoeira! Salve, Capuan! Salve, Lameirão! Salve, Jandaiguaba! Salve, Jardim do Amor! Salve, Lagoa I! Salve, Lagoa das Bestas! Salve, Lagoa dos Tapebas! Salve, Ponte! Salve, Sobradinho! Salve, Trilho e Vila dos Cacos! Salve, Itambé! Salve, Coité! Salve, Bom Jesus! Salve, Água Suja! Salve, Vila Nova! Salve, Mestre Antônio! Fonte: Comunicação Adelco
Mulheres indígenas do Ceará lideram a busca por direitos e combatem feminicídio nas aldeias
Por Comunicação Esplar, Centro de Pesquisa e Assessoria. Como uma árvore que precisa ser desentortada para erguer-se. Esta é a simbologia que a líder Pitaguary, Ana Clécia Souza Nascimento, encontra para explicar a luta das mulheres indígenas por liberdade e representatividade. Criadas sob o peso de costumes repressores, que as calavam e apartavam das rodas de decisão nas aldeias, as mulheres Tapeba, Tabajara, Potyguara, Pitaguary, Tremembé, Anacé, Kanindé e de diversas outras etnias do Ceará têm desafiado os preconceitos e encontrado espaços de participação em seu próprio território. O projeto “Fortalecendo Povos Indígenas” desenvolvido pelo Esplar, Centro de Pesquisa e Assessoria e pela Aldeco, Associação Para o Desenvolvimento Local Co-Produzido as capacita para participar de espaços políticos e pressionar por ações de combate à violência doméstica. Há dez anos, elas fundaram a Articulação de Mulheres Indígenas do Ceará (AMICE) para “respeitar e fazer respeitar a participação de mulheres dentro do movimento indígena”(estatuto AMICE). Clécia Pitaguary explica que muitas líderes foram caluniadas quando ousaram sair das aldeias para participar das assembleias, conferências e manifestações, tal como os homens. “Houve discriminação por ela (mulher indígena) querer ocupar um espaço que só os homens tinham o direito de ocupar”, lembra. Foi preciso, antes mesmo antes de partir para as lutas fora do seu território, que as mulheres se erguessem para mostrar sua contribuição ali, dentro da aldeia. “Quando os nossos maridos, lideranças e pajé se ausentavam da aldeia para ir em busca de nossos direitos, quem cuidava das crianças, das aldeia e da roça éramos nós mulheres. Nesse momento a nossa contribuição também estava sendo dada”, afirma ela. Feminismo indígena pelo fim da violência doméstica De acordo com Instituto de Estudos Socioeconômicos, as primeiras organizações de mulheres indígenas surgiram na década de 1980 e fizeram da igualdade de gênero uma pauta para entidades que representam as etnias brasileiras. Representando sua aldeias, elas foram atuantes na definição de políticas públicas de Saúde e Educação indígenas, na segurança alimentar para as tribos e também passaram a reivindicar ações de combate à violência doméstica. Dentro da aldeia Monguba, localizada na cidade de Pacatuba, Clécia Pitaguary tem feito o que pode para proteger a vida das mulheres agredidas pelos companheiros e familiares. “Já abriguei várias mulheres que sofriam violência doméstica, já denunciei vários maridos também”, afirma a integrante da AMICE. Recentemente, na sua comunidade o machismo tirou a vida de mais uma mulher. No dia 6 de agosto, Roseane Dantas, jovem Pitaguary, foi assassinada e enterrada no quintal de sua casa por Lucas Matias, o homem com quem era casada. Para que o assassino não ficasse impune e a morte da sua parente fosse reconhecida como feminicídio, Clécia investigou, junto com a família de Roseane, a real causa da morte e onde estava o corpo. “Fui para a casa da família, chamei as mulheres para conversar e saber se ela (Roseane) havia desabafado alguma coisa. Uma mulher disse pra mim: ‘ele fez alguma coisa com ela, tem que procurar, o corpo dela está em algum lugar’, lembra Clécia. O corpo foi localizado, mas o assassino só foi preso quando a própria comunidade denunciou à polícia onde ele estava. Doze dias após o crime, a AMICE organizou uma marcha em protesto e convocou as mulheres da comunidade para apoiar a manifestação. Mesmo sendo uma aldeia matriarcal, Clécia afirma que em não há consciência do risco do machismo para a vida das mulheres. “Ainda não existe muito entendimento das pessoas sobre a gravidade e o tamanho da violência que é o feminicídio. A comunidade precisa ser trabalhada sobre essa da desvalorização da mulher e as pessoas ainda não estão abertas para isso”, percebe a líder. Ainda enlutada, ela descreve a solidariedade que surge entre mulheres quando percebem a violência de gênero que existe. “É como se tivéssemos todas em um cordão umbilical que liga uma à outra. Na hora que uma sofre, nós sentimos a mesma dor. Nós todas somos mulheres e temos que ter essa sensibilidade de compreender a dor da outra e contribuir para aliviar seja qual for a situação que a uma mulher esteja sofrendo dentro da comunidade”, diz ela Conheça também a história da liderança Rosa Potyguara