Representantes de cinco povos indígenas cearenses, além de lideranças dos povos Pataxó, da Bahia, Tupiniquim, do Espírito Santo, e Lakota Sioux, do Norte dos Estados Unidos, participaram da Semana dos Povos Indígenas, realizada na sede do Movimento Saúde Mental Comunitária (MSMCBJ), no bairro Bom Jardim. O objetivo do encontro foi promover a troca de experiências entre as diversas etnias e permitir que a sociedade conheça as causas e os direitos indígenas. Participaram do evento lideranças das aldeias cearenses Pitaguary, Tremembé, Anacé, Jenipapo-Kanindé e Tapeba, representando as 14 tribos indígenas existentes no Ceará.
Ao abrir a Semana, o presidente do MSMC, padre Rino Bonvini, enfatizou o intuito de consolidar a união entre estes povos em torno de uma mesma causa, através das danças, rodas de conversa, oficina de artesanato e exposição de arte. Segundo Patrick Oliveira, coordenador da Adelco (parceira do evento), “essa é uma oportunidade de se conhecer as peculiaridades de cada etnia, de aprender com as experiências de sucesso e também com as dificuldades enfrentadas, tanto na luta pelo reconhecimento cultural como na legalização das terras indígenas, entre outras questões. É um passo importante também para que os movimentos que defendem a cultura indígena se conheçam melhor e fortaleçam seus projetos”, disse.
Marciane Tapeba, monitora do projeto Etnodesenvolvimento – Ceará Indígena, destacou que achou “importante a valorização da cultura indígena e o testemunho de um parente Lakota, pois vimos que o descaso com nosso povo não acontece só no Brasil”. Ela ressaltou ainda o ritual da sauna sagrada, conduzido pelos Lakota: “Pra mim, foi muito forte quando eles rezaram por todos os parentes e demonstraram que vale a pena se sacrificar por todo o nosso povo, o que é semelhante ao que fazemos aqui”, disse Marciane.
Estiveram presentes às atividades alguns apoiadores da causa indígena, como Paulo Barbosa, coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Caio Feitosa, co-gestor do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), irmã Odila Bruno, integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Maria Amélia, coordenadora da Associação Missão Tremembé. Representando as diversas etnias, compareceram o Pajé Barbosa e Carlinhos Pitaguary (Pitaguary), Cacique João Venâncio e Pajé Luis Caboclo (Tremembé), Cacique Antônio (Anacé), Cacique Irê (Jenipapo- Kanindé), Adam Little Elk e Woopila Badhand (Lakota Sioux-EUA) e Ubiraci Pataxó (Bahia).
As crianças da escola indígena Pitaguary participaram de um concurso de criação artística, com a produção de um texto em prosa, uma poesia e uma composição musical. Na programação, houve ainda oficinas de confecção de filtro de sonhos e instrumentos de sopro, exibição de filmes, oficinas, apresentações musicais, rodas de conversa, biodança, pintura e exposição do artesanato indígena.