Práticas agroecológicas mantém tradição e cultura indígena

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A alimentação e as práticas agrícolas agroecológicas vem garantindo a preservação da cultura e dos saberes tradicionais dos indígenas. Foi sobre esses saberes que o Projeto Etnodesenvolvimento Ceará Indígena, desenvolvido pela ADELCO com patrocínio da Petrobras, realizou, nos dias 10 e 11 de dezembro, o Seminário e o intercâmbio “Agroecologia: saberes indígenas e segurança alimentar”, na aldeia do povo indígena Pitaguary.

Durante os dois dias, representantes dos povos Tapeba, Pitguary, Kanindé de Aratuba e Anacé, compartilharam entre si as experiências vivenciadas no campo, seja através da agricultura, da criação de animais, ou mesmo do artesanato.

Pela manhã do dia 10, o seminário contou com a presença de Malvinier Macedo, presidenta do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará (Consea/CE). Malvinier resgatou junto aos indígenas a importância dos alimentos para a saúde.

Segundo ela, dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontam que o quadro de desnutrição infantil em crianças indígenas é vinte vezes maior do que em crianças não indígenas. “É fundamental resgatar e valorizar os alimentos que conhecemos, preservar o conhecimento, se informar sobre o que estamos consumindo”, afirmou Malvinier.

Antonizete Tapeba, que possui um quintal produtivo em sua casa, destacou que os filhos são acostumados a comer as coisas que ela produz. “Vim conhecer esse arroz que a gente come hoje só aos 9 anos. Antes, comíamos arroz xerém de milho e o arroz roxo”.

Ainda dentro da programação do seminário, os indígenas realizaram trocas de sementes, a exemplo do feijão andu e de sementes usadas em artesanato. Também participaram de um intercâmbio pelo território sagrado dos Pitaguary e pela produção agroecológica do Cacique Daniel, também da etnia Pitaguary.

Para Marciane Tapeba, é fundamental usar a agroecologia como resistência. “Para nós povos indígenas, a nossa maior bandeira é o território. E não apenas o território como terra, mas é o bem viver, é o cultivo, é viver em harmonia. O território é a nossa mãe, por isso estamos nessa perspectiva de fortalecer a nossa luta e as nossas práticas agrícolas também”, afirmou a jovem que é uma das monitoras do Projeto Etnodesenvolvimento Ceará Indígena.

Os participantes do seminário são beneficiários do Projeto Etnodesenvolvimento Ceará Indígena que trabalha com a implantação de quintais produtivos e mandalas nas etnias atendidas pelo projeto. Ao todo, o projeto beneficia 66 quintais produtivos, com produção de frutíferas, criação de aves, ovinos e suínos.

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