Adelco e Povo Tapeba: quando as histórias se misturam

A vitória do Povo Tapeba é a felicidade da Adelco – Associação para Desenvolvimento Local Co-produzido. Quando começamos nossa caminhada, em 2001, os Tapebas foram os primeiros indígenas a formarem uma parceria forte conosco e a confiarem que suas lutas também eram nossas. 16 anos depois, a parceria continua cada vez mais firme. Por isso, brindamos a vitória destas guerreiras e destes guerreiros que resistem em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza-Ce.

Depois de mais de 30 anos de espera, muitas lutas, idas e vindas, guerreiros e guerreiras que tombaram, o dia 04 de setembro amanheceu iluminado pelo encantado. Recebemos a notícia que o Ministério da Justiça oficializou as terras tradicionalmente ocupadas pela etnia Tapeba, local de uma grande especulação imobiliária e olhares de posseiros. Se estamos sempre juntos na luta, agora, estamos juntos em festa. Nos enchemos de esperança!

Amizade de longa data

Recordamos algumas das parcerias que traçamos com as guerreiras e os guerreiros Tapebas desde a fundação da Adelco, em 2001:

2002-2012 – O Programa de Microcrédito Produtivo e Habitacional esteve centrado na melhoria habitacional e na geração de renda do povo Tapeba, através da viabilização de recursos para reforma de moradias para a população de baixa renda, do fortalecimento das associações comunitárias, da melhoria das condições de saúde e higiene, além de ter estimulado a prática da poupança.

2006 – Lançamos o projeto Capacitação da comunidade indígena Tapeba para sua inserção no e-commerce e no turismo cultural, buscando apoiar a comunidade indígena Tapeba na sua busca por sustentação econômica, através da geração de trabalho e renda, consolidando e divulgando sua identidade cultural e comercializando sua produção artesanal.

2008-2009 – Iniciamos o Projeto Inhuçu – Fortalecimento da capacidade de gestão de projetos econômicos e culturais e da identidade indígena para o etnodesenvolvimento Tapeba. O objetivo era a melhoria da qualidade do artesanato, fortalecimento da capacidade de gestão de projetos econômicos e culturais, auxiliando no desenvolvimento da consciência ambiental e competências básicas para plantio e manejo de espécies arbóreas nativas, realização de eventos de intercâmbio e fortalecimento cultural e desenvolvimento de práticas da culinária típica.

2008-2012 – Neste mesmo ano também trabalhamos com os Tapebas no projeto Ayty – Turismo de Base Comunitária do Povo Tapeba, que teve como foco o apoio à iniciativa de Turismo de Base Comunitária no município de Caucaia – CE.

2010-2013 – O Projeto Tribo das Águas – Cuidando da água e dos ambientes aquáticos Tapeba, promoveu a sensibilização ambiental para a conservação da água e dos ecossistemas aquáticos no Território Indígena Tapeba, com a perspectiva de proteger sua biodiversidade e garantir os serviços ambientais que estes ecossistemas proporcionam, constituindo medida de adaptação à mudança do clima.

2013-2016 – O projeto Etnodesenvolvimento – Ceará Indígena, trabalhou com várias etnias, incluindo também a presença dos Tapebas. Seu foco esteve na melhoria da qualidade de vida de comunidades indígenas do Ceará, dinamizando a economia solidária local, fortalecendo o turismo comunitário e favorecendo melhores condições de segurança alimentar, considerando sempre as diversas culturas e etnias.

2015-2016 – Mais recentemente foi a vez de construir o Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) da Terra Indígena Tapeba (Caucaia – Ceará), por meio de metodologias participativas que priorizem o protagonismo, o diálogo intercultural, a preservação dos valores culturais e os recursos ambientais das Terras Indígenas.

2015-2016 – Também foram anos do projeto São José III – Indígenas e Quilombolas, quando apoiamos as Entidades Representativas dos Beneficiários, de Comunidades Indígenas e Quilombolas, na elaboração de Planos de Negócio de Empreendimentos Coletivos de Agricultores Familiares. Os Tapebas também estavam presentes.

2016-2019 – Atualmente, seguimos com o Projeto URUCUM – Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas se desenvolve em parceria com o ESPLAR, junto às 14 etnias do Estado Ceará, presentes em 19 municípios. Este projeto contribui para o fortalecimento das capacidades de gestão e de intervenção social e política das associações indígenas e suas três principais representações no Ceará: a COPICE (Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará), a AMICE (Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará) e a COJICE (Comissão de Juventude Indígena do Ceará).

Como iniciou a luta do povo Tapeba

Em 20 maio de 1985, 70 índias e índios assinaram um abaixo assinado para plantar nas terras, ter um posto de saúde e uma escola indígena. Este foi o primeiro registro oficial que a Adelco e pesquisadores indigenistas têm notícia. Começava ali, oficialmente, a luta pela demarcação daquelas terras como território Tapeba.

Como uma bonita coincidência, dois dias depois do reconhecimento do Ministério Público, a Adelco recebe da gráfica o Plano de Gestão Territorial e Ambiental Indígena Tapeba (PGTA), um planejamento que elabora estratégias para o uso sustentável da terra e dos recursos indígenas. O documento foi realizado em parceria entre a Adelco e Associação das Comunidades dos Índios Tapebas e alguns apoiadores. Trata-se do processo de demarcação da terra, a caracterização socioambiental da comunidade, os aspectos físicos do território, e um planejamento para o uso da terra e dos seus recursos. Conheça os Tapebas como a gente os conhece, acessando o PGTA online ou físico no site www.adelco.org.br. Veja também imagens aéreas das terras dos Tapebas: https://youtu.be/SDAsoiHc4Bk

Salve, povo Tapeba! Salve, povos indígenas de todo o Ceará!

Às 18 aldeias da zona urbana e periurbana de Caucaia-Ce, nosso salve e nosso compromisso de luta.

Salve, Capoeira!

Salve, Capuan!

Salve, Lameirão!

Salve, Jandaiguaba!

Salve, Jardim do Amor!

Salve, Lagoa I!

Salve, Lagoa das Bestas!

Salve, Lagoa dos Tapebas!

Salve, Ponte!

Salve, Sobradinho!

Salve, Trilho e Vila dos Cacos!

Salve, Itambé!

Salve, Coité!

Salve, Bom Jesus!

Salve, Água Suja!

Salve, Vila Nova!

Salve, Mestre Antônio!

Fonte: Comunicação Adelco

 

 

Adelco discute violação de direitos no Herança Nativa 2017

Junto com lideranças indígenas e a entidade parceira, Esplar, a Adelco compôs mesa no III Encontro Sesc Herança Nativa, realizado nos dias 24 a 26/8, na Colônia Ecológica Sesc Iparana.

O evento, promovido pelo Serviço Social do Comércio, reuniu os 14 povos indígenas, dos 19 municípios do Ceará.

Ronaldo Queiroz, técnico da Adelco, e Cíntia Moreira, técnica do Esplar, estiveram juntos divulgando alguns resultados do Diagnóstico e estudo de linha de base: projeto fortalecendo a autonomia político-organizativa dos povos indígenas. O documento, financiado pela União Europeia, foi construído em parceria pelas duas instituições e com o apoio das organizações indígenas. Veja o diagnóstico, na íntegra, aqui.

Na mesa, apresentamos os recortes de dados sobre as Demarcações das Terras, Educação e Saúde indígenas. Também estavam presentes no debate: Antônia Kanindé, do Povo Kanindé de Aratuba; Andrea Rufino, do Povo Tapuya kariri, São Benedito; Francisco Ferreira de Moraes Junior, do Povo Anacé; Margarida Tapeba, do Povo Tapeba; Roberto Ytaysaba, do Povo Anacé; Cacique Renato Gomes, do Povo Potyguara; Juliana Alves, do Povo Jenipapo Kanindé e Rosa da Silva, do Povo Pitaguary.

Fonte: Comunicação Adelco

ACITA comemora 30 anos e presta homenagem a indígenas e parceiros

O Plenário da Assembleia Legislativa do Ceará esteve em festa na tarde de ontem (14/10). Os mais de cem indígenas da etnia Tapeba vestiram a indumentária do índio guerreiro para comemorar os 30 anos da Associação das Comunidades dos Índios Tapebas de Caucaia (ACITA), em uma Sessão Solene marcada por homenagens a indígenas e parceiros e apresentação das danças tradicionais Tapeba.

A Associação para o Desenvolvimento Local Co-Produzido (ADELCO) foi uma das homenageadas pelo apoio a luta e a resistência do povo Tapeba, que há 30 anos busca a demarcação de suas terras, em Caucaia. Na ocasião, a instituição foi representada por Adelle Azevedo, atual presidenta da ADELCO.

Foram homenageados ainda o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza (CDPDH), a missionária Maria Amélia Leite; o antropólogo Henyo Barreto; Dourado Tapeba, da APOINME; a pajé Raimunda Tapeba; o cacique Alberto Tapeba e Weibe Tapeba.

Os troncos velhos, que tombaram na luta, também foram lembrados. Receberam placas comemorativas Alfredo Tapeba e Pichilinga Tapeba (in memorian), representados pelas filhas Bruna Tapeba e Josiane Tapeba, respectivamente.

Requerente da sessão solene, o deputado Elmano de Freitas (PT), afirmou que há uma dívida histórica com o povo indígena e pediu perdão pelos massacres cometidos no Brasil e no Ceará. Para o antropólogo Heynio Barreto, um dos homenageados, a homenagem a ACITA expressa o apoio a causa indígena. “Uma organização que persiste tanto tempo é uma expressão de força, vitalidade e resistência”, afirmou.

Weiber Tapeba, presidente da ACITA, ressaltou que os 30 anos de luta da instituição foram marcados pela resistência contra as violações dos direitos indígenas. Para ELE, o cenário avançou muito no Ceará com a abertura de diálogo com o Estado. “Se aqui no Ceará temos parlamentares comprometidos com a causa, no Congresso Nacional é totalmente diferente. Basta ver a PEC 215 que, se aprovada, vai colocar em xeque as demarcações de terras já realizadas e vai impedir que novas aconteçam”, destacou a liderança indígena.

Estiveram presentes à sessão solene a coordenadora de Políticas Públicas para a Promoção de Igualdade Racial do Governo do Ceará, Zelma Madeira; o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eduardo Desidério; e o coordenador da Coordenadoria Especial dos Direitos Humanos, Dimitri Cruz.

FOTOS DA SESSÃO SOLENE

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