Lideranças convocam povos indígenas a participarem ativamente de Conferência

“Encorajamos as pessoas a ir às ruas, mas nós indígenas não estamos indo. Temos que ir ao congresso, marcar mais reuniões. Tenho medo que essa PEC [215] vá passar. Vejo uma calmaria grande nesses políticos. Precisamos sair de casa, encorajar os parentes. Só precisamos de organização”. Foi com esse chamado à participação que o Pajé Barbosa, da etnia Pitaguary, convocou as etnias Jenipapo-Kanindé, Kanindé e Pitaguary para colaborar ativamente com a 4º etapa local da 1º Conferência Nacional de Políticas Indigenistas, que acontece em meio a uma conjuntura marcada por violações dos direitos indígenas. A abertura da assembleia ocorreu na última terça-feira (28/07), no Hotel Acrópole, em Maranguape-CE.

Para o Cacique Daniel Pitaguary, a luta indígena tem avançado no estado com a autodeterminação de mais etnias, mas ainda há muito o que organizar. Para a professora Juliana Alves, da etnia Jenipapo-Kanindé, momentos de encontro, como a conferência, são importantes para o fortalecimento dos povos. “O movimento indígena do Ceará estava precisando desse momento”, afirmou. Já para o Cacique Sotero, dos Kanindé de Aratuba, a conferência é o momento ideal para “ouvir bem uns aos outros”, sobre os problemas e dificuldades enfrentadas pelos povos.

Maristela Pinheiro, coordenadora do Projeto Etnodesenvolvimento-Ceará Indígena, projeto desenvolvido pela ADELCO com patrocínio da Petrobras, afirma que é preciso aproveitar o espaço da conferência para desatar os nós, uma referência a uma música tradicional cantada pelos povos. “É preciso desatar os nós do preconceito, da intolerância, da falta de acesso à terra e a água. O único nó que não deve ser desatado é o da capacidade de se indignar”, pontuou.

A 4º etapa local da 1º Conferência Nacional de Políticas Indigenistas se encerra hoje (30/07) com a escolha dos delegados e delegadas, aprovação de propostas e moções que serão levadas à Conferência Regional, prevista para acontecer durante os dias 1 e 3 de setembro, em local ainda a ser definido.

Durante os três dias, os indígenas discutiram temáticas como Territorialidade e o direito territorial dos povos indígenas; autodeterminação, participação social e o direito à consulta; direitos individuais e coletivos dos povos indígenas; diversidade cultural e pluralidade étnica no Brasil e o Direito à Memória e à verdade; desenvolvimento sustentável de terras e povos indígenas. Este último tema, contou com a facilitação de Adelle Azevedo, engenheira ambiental e técnica da ADELCO.

A Conferência contou ainda com a parceria da Fundação Nacional do Índio (FUNAI/CR NE 2), da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME/MR-CE), Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará (COPICE), Organização Mãe Terra Pitaguary, Associação Indígena Kanindé de Aratuba, do Conselho Indígena Jenipapo-Kanindé. Instituto ETHNOS e do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos (CDPDH).

FOTOS DA CONFERÊNCIA

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