Ana Almeida, da delegação da União Europeia, foi recebida na quinta, 31.08, na Retomada Jardim do Amor, em Caucaia, por lideranças Tapebas e as equipes da Adelco e do Esplar.
O objetivo da visita foi conhecer um local de retomada indígena, entender como estão organizados e qual o apoio dado pelas duas instituições que recebem financiamento para o Projeto Urucum – Fortalecendo a autonomia político-organizativa dos Povos Indígenas.
O Urucum tem a perspectiva de apoiar e fortalecer organizações do movimento indígena.
No encontro, Weibe Tabepa falou sobre as lutas das etnias em todo o estado e como se deu a última Retomada do Jardim do Amor. “Reconhecer o movimento indígena é reconhecer também seus territórios”, alertou a liderança. Weibe reconheceu que o projeto Urucum tem cumprido seu objetivo: “O projeto é importante para reunir segmentos. Fortalece as mulheres, que fazem parte importante da nossa militância, a juventude, os professores”, destacou.
Entenda como se deram as Retomadas do Jardim do Amor
A última parte da retomada do Jardim do Amor deu-se em 12 de junho de 2017. Antes dela acontecer, eram 190 famílias confinadas numa área de 44 hectares de terra, quantidade insuficiente para as pessoas manterem-se no local.
As terras são reconhecidas pelo Governo Federal como indígenas, porém dois posseiros apareceram após a retomada reivindicando serem donos da propriedade. O local seria transformado por eles em um posto e em galpões.
Esta é a 30° retomada Tapeba. As lideranças deram entrada em dois Boletins de Ocorrência nas polícias Civil e Militar contra os posseiros.
Na imagem acima, é possível perceber a área total da Retomada do Jardim do Amor, realizada a partir de 1993.
Segundo dados do documento realizado pela pesquisadora Ana Lúcia Farah de Tófoli, chamado de “As retomadas de terras na dinâmica territorial do povo indígena Tapeba: Mobilização étnica e apropriação espacial” (veja o documento completo aqui):
“O Jardim do Amor atualmente faz parte da zona periurbana de Caucaia. O processo de urbanização da região é relativamente recente, pois é na década de 1990 que se intensifica o processo de loteamento e ocupação para moradia. Anteriormente a esse período, já haviam algumas moradias de não índios, uma Igreja Católica e uma escola municipal. Referências da década de 1980 apontam a região como constituindo o loteamento Jardim Juá; “não obstante, a área era efetivamente ocupada por algumas famílias Tapebas residindo de forma dispersa na área, articuladas a outras situadas na lagoa do Tapeba e na Pedreira Sta. Terezinha” (BARRETTO FILHO, 2005a, p.132). Existem relatos de famílias Tapebas no local, há pelo menos seis décadas, uma vez que no relatório de Barretto Filho (2005a) afirma que dona Nair, uma das moradoras mais antigas, declarou que já morava no local na época da seca de 1958 e, portanto, anterior ao processo de urbanização”
O relatório segue afirmando: “assim como no caso do Lameirão, a retomada nessa localidade foi feita de forma paulatina e sem grandes conflitos com posseiros”, porém, esta foi diferente. A população Tapeba segue retomando o local que lhe pertence e a Adelco segue dando todo apoio possível para a luta deste povo.
Fonte: Comunicação Adelco